Carolina Lino Yoga
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O Mito do Professor de Yoga Perfeito

20 julho 2025

O Mito do Professor de Yoga Perfeito
O Mito do Professor de Yoga Perfeito

Há quem pense que ser professor de yoga implica seguir um certo padrão, mas o intuito deste artigo é mostrar que ter uma formação em yoga não significa corresponder a todas as expectativas ou ideias feitas sobre o que é ser um yogi.

O yoga é um caminho que deve ser percorrido com calma e beleza. É importante apreciar cada passo, de forma consciente e presente, sem pressas nem comparações. Cada praticante trilha o seu percurso ao seu próprio ritmo.

Ser vegetariano, embora seja um princípio ético abordado noutros artigos, não significa que um professor tenha de seguir esse regime alimentar só porque ensina yoga. Ouvir o corpo, respeitar as próprias necessidades e perceber quando é o momento certo para dar esse passo é um caminho mais alinhado com uma prática autêntica. Forçar mudanças apenas para agradar ou corresponder a expectativas externas não é coerente com a filosofia de respeito e consciência que o yoga promove.

Sentir raiva, ter pensamentos negativos, sentir medo ou tristeza — tudo isso faz parte da experiência humana. Todos somos humanos, e é natural que um yogi também sinta emoções mais desafiantes. A diferença é que, através da prática, aprende-se a reconhecer esses estados e a lidar com eles de forma mais consciente e equilibrada. Mas isso não significa que se deixe de os sentir.

Também é comum pensar-se que o professor de yoga sabe fazer todas as posturas. Na verdade, isso está longe da realidade. É um mito imaginar que todos dominam cada asana ou conseguem executar posições muito avançadas. O yoga não é uma competição de flexibilidade, mas sim um processo de autoconhecimento e de conexão com o corpo — sempre dentro dos limites e possibilidades de cada um.

Além disso, é importante reconhecer que o professor de yoga também não sabe tudo sobre o yoga. Está em constante aprendizagem. O conhecimento é vasto, e por mais formação que se tenha, há sempre mais a descobrir, aprofundar ou rever.

Nem todos os professores de yoga são calmos o tempo todo, nem têm de aceitar tudo passivamente. Praticar yoga não significa anular a personalidade ou deixar de ter opinião. Ser assertivo, saber colocar limites e defender valores faz parte do equilíbrio interno.

Há também a ideia de que o professor de yoga está sempre disponível para os outros, esquecendo-se que também precisa de cuidar de si. O autocuidado — seja através da meditação, do repouso ou de outras práticas de equilíbrio — é fundamental para manter a energia e a clareza necessárias para ensinar.

Mesmo trabalhando profundamente a dimensão espiritual, pode haver momentos em que o professor também se sente perdido. Não há nenhum caminho que ofereça certezas absolutas o tempo todo. Podem surgir dúvidas, inseguranças, momentos de reflexão sobre se está ou não no rumo certo.
Isso também faz parte do processo. Estar consciente dessas fases e aprender a escutá-las com humildade é, muitas vezes, o maior ensinamento que se pode transmitir.

Ser professor de yoga é, sobretudo, um compromisso diário com a prática e com o crescimento pessoal. É um caminho que se constrói com humildade, autenticidade e uma abertura constante para aprender. É com este espírito que, em Ponta Delgada e Ribeira Grande, nos Açores, procuro acompanhar os meus alunos numa prática acessível, que respeite o ritmo e as necessidades de cada um, promovendo o bem-estar físico, mental e emocional.